Index > Manifesto > Portuguese > Note_Paolini
INTRODUÇÃO
Em maio/junho de 1941, no mesmo momento em que as tropas nazi-fascistas, depois de terem ocupado quase toda Europa continental, iniciavam a conquista do território russo, Altiero Spinelli e Ernesto Rossi exilados por causa das suas oposições ao regime fascista na pequena ilha italiana de “Ventotene” (no mar Tirreno) – escreviam um “Manifesto para una Europa Livre e Unida”, que será mais conhecido como “ O Manifesto de Ventotene”.
O texto era o resultado de um amplo debate entre um estreito grupo de exilados que viam na criação de uma Federação europeia a salvação dos países do continente e da civilidade ocidental, ameaçada gravemente pela guerra que era desejada dos regimes ditadoriais nazi-fascista.
No manifesto, o qual constitui o documento fundamental do federalismo europeu, é conteúdo principalmente dois princípios: o primeiro é que a Federação Europeia não é um objetivo ideal mas um objetivo político de realização imediata. O segundo, que a luta pela unidade da Europa teria criado uma linha divisória que seria passada através os mesmos partidos políticos tradicionais – entre aqueles que teriam combatido para reestabelecer a sobranidade absoluta dos Estados – Origem de todas as guerras – e aqueles que teriam combatido pela realização – de um poder político sob nacional.
Com o Manifesto Spinelli por primeiro na história muda, o abstracto ideal da unidade do continente – que tinha por séculos fascinado poetas, filósofos, estatísticos – em concreta ação política.
Para realizar este objetivo, o Manifesto sostém a necessidade de criar com a propaganda e com a ação, um movimento capáz de coinvolger todas as forças que, nos vários países europeos teriam madurado as mesmas convincções: se desenha assim o movimento Federalista Europeo que vem fundado em agosto de 1943 em Milão, alguns dias depois da liberação de Spinelli e dos outros exilados motivada pelo fim do regime fascista.
O texto começa a circular, sobre tudo graças a Spinelli e Rossi, não somente entre os ante-fascistas italianos, más também entre os exponentes da resistência europeia e se transforma a base dos principais documentos aprovados pelas mais importantes organizações clandestinas de luta, sobre tudo francesa e italiana. Contemporâneamente, aqueles que aderem ao Manifesto dão vida aos primeiros núcleos federalistas em quase todos os países europeis, criando as bases da atual organização federalista.
Nos princípios do Manifesto se inspira também a primeira conferência sob-nacional federalista organizada em maio de 1945 em Paris, a poucos mêses do final da guerra por Altiero Spinelli e por Ursula Hirschmann, os quais participaram, entre outros o escritor e dramaturgo francês Emmanuel Mounier, o narrador e sagista inglês George Orwell, o herói da resistêcia francês André Philip, que deram vida ao primeiro comitê federalista sob-nacional.
Os autores do Manifesto:
Altiero Spinelli (31 de agosto de 1907 - 23 maggio de 1986): militar comunista, foi preso em 1927 – com apenas vinte anos de idade – pela sua atividade ante-fascista e fez dez anos de prisão e seis de exílio.
Espulso do partido comunista em 1937, durante a prisão, porque era em total disacordo com a concreta realização do comunismo que Stalin atuava na União Soviética, conhece ao confim de “Ventotene” alguns textos federalistas nos quais, juntamente com Ernesto Rossi e Eugenio Colorni, constrói a linha da luta pela Federação europeia, fundando também o Movimento Federalista Europeo, o qual guiou até 1962. Nominado membro da comissão da Comunidade Europeia em 1970, em 1976 diventa membro do parlamento europeo no qual seio empreende a grande batalha institucional que levará a Assembléia de Strasburgo à aprovação do tratado para a União europeia em grande maioria, no qual são inseridos elementos fundamentais para a transformação da Comunidade em uma União europeia sobre base federal. Quando em 1985 o projecto do tratado vem messo da parte pelo Vertice dos chefes de Estado e de governo os quais preferem varar o Ato Unico, Spinelli repreende a sua batalha institucional basiada no conferimento do mandado de constituição do parlamento Europeo, convincto que nenhum progresso substêncial pode ser atuado pela Comunidade sem instituições federais. A sua morte, sucedida em maio de 1986, não interompe essa ação política, sobre a qual todo o movimento federalista europeu é impenhado até a criação dos Estados Unidos da Europa.
Ernesto Rossi (25 de agosto de 1897 - 9 de fevereiro de 1967): Entre os fundadores do movimento ante-fascista “Justiça e liberdade” é preso e condenado a vinte anos de prisão, dos quais nove comutádos em exílio. Tem um rolo importante juntamente a Spinelli, na elaboração da concepção federalista europeia e no desenvolviemnto da sua ação prática. Foi sub-secretário no governo de Parri, o primeiro governo italiano depois do final da guerra. Depois de ter deixado a militança ativa federalista na metade dos anos 50, se dedica a diversas batalhas em defesa dos direitos cívis, aos quais se inspirará o Partido radical italiano, que ele mesmo contribuiu à constituir.
Eugenio Colorni (22 de abril de 1909 - 30 de maio de 1944): Protagonista da luta ante-fascista, dirigente da coordenação socialista dos “esuli” na França, director do jornal clandestino do seu partido “Pra frente!”; é preso em 1938, durante uma missão na Italia, e inviado em exílio em “Ventotene”. Foi assassinado em 1944 por uma patrulha fascista em Roma, onde era um dos exponentes da resistêcia e onde tinha constituído uma seção do MFE.
O Manifesto foi discutido e assinado a Ventotene também pelos republicanos Giorgio Braccialarghe (um dos comandantes das brigadas internacionais durante a guerra cívil espanhola), Arturo Buleghin e Dino Roberto; Pelo exponente de “Justiça e liberdade” Enrico Giussani; a Ursula Hirschmann, que obrigada por causa da sua atividade ante-fascista a fugir muito jovem da Alemanha, tinha se casado com Eugenio Colorni. E depois que eles morreram, Altiero Spinelli, com o qual dividiu as principais guerras federalistas.
Edmondo Paolini